segunda-feira, 17 de junho de 2013

Jully, meu grupo trabalhou com o texto "Pausa", porém lemos também os outros textos.  "Avestruz" (Mário Prata). Bom, eu trabalharia da seguinte forma: Este texto deixa bem claro questões de discriminações, embora com um animal,  poderia ser adaptado para as pessoas, discutiria com os alunos vários eixos de discriminação, como: raça, cor, nível social, cultural, religioso, sexual, etc. Montaria grupos e dividiria cada tema para um grupo, após pesquisas, construiríamos juntos painéis, cartazes e faríamos uma discussão para cada ítem, um debate que seria dado nota pelos próprios alunos. Um abraço.
 
 
 
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Plano de aula

Vou deixar aqui algumas sugestões para se trabalhar com este texto na sala de aula, adequando-o a cada série.

Em primeiro lugar pediria uma leitura silenciosa do texto e após, faria a leitura pausadamente, falaria sobre o autor e citaria algumas de suas obras (acho isso muito importante).
Em seguida comentaria o título, ao que ele se refere, se tem alguma coisa a ver com o conteúdo do texto, explicando que o nome do texto tem que ter relação com o que está escrito, também explicaria que ele é um conto e citaria as suas características, e que é um texto em prosa, conforme sua estrutura, também dá pra citar  as personagens, uma breve descrição física e psicológica.
O texto é bem minucioso e detalhista durante sua narrativa, descreve locais por onde a personagem passa, dando-se a impressão de ser uma cidade litorânea porque ele cita o cais e as barcaças, também citaria a troca de nome de Samuel para Isidoro, talvez com a intenção de não ser identificado, as duas mulheres gordas remetendo uma ideia de prostituição, o que não acontece.
E ao dormir, Samuel sonha e se despi num sentido de liberdade, talvez não tenha isso na sua vida conjugal, o fato de se isolar de casa lhe cause uma certa paz e recarregue as energias para continuar vivendo. E no final do texto, quando ele paga a conta e se despedi do gerente que lhe diz até domingo que vem, Samuel diz que não sabe se voltará, dando a impressão que ele quer mudar essa situação, mas talvez não consiga.
Após essa reflexão com os alunos pode-se trabalhar em grupo, pedir a eles que contem algo parecido, criem um texto em quadrinhos, ou até façam uma poesia.
Em seguida comentaria o uso do travessão para que serve, discurso direto e indireto, fala das personagens, pontuação, substantivos próprios com letra maiúsculas, pesquisa com palavras pouco conhecidas, sinônimos, antônimos, pesquisa no dicionário e internet, apresentação de cada grupo e após cada  avaliação, a  montagem de um blog por cada grupo. 
É claro que há muito o que se trabalhar ainda com esse texto, aí vai a criatividade de cada educador.
Espero ter ajudado.


" Leitura é um salto para a liberdade, é uma transição para o conhecimento, é um aprender que ninguém lhe rouba, é a busca que te dá respostas, é um prazer imensurável. "

(Eleni Nunes)

Pausa

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: _ Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. _Todos os domingos tu sais cedo _ observou a mulher com azedume na voz. Temos muito trabalho no escritório _ disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: Por que não vens almoçar? _Já te disse: muito trabalho. Não dá tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu: _Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé: _Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... _Estou com pressa, seu Raul _ atalhou Samuel. _Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. _ Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade: _Aqui , meu bem! _ uma gritou, e riu : um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha da cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. _Já vai, seu Isidoro? Já _ disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. Até domingo que vem, seu Isidoro _ disse o gerente. Não sei se virei _ respondeu Samuel, olhando pela porta a noite caía. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois seguiu. Para casa. (De O Carnaval dos Animais. Porto Ed. Movimento, 1968)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Aquela com a Revista Recreio

Olá, minha primeira experiência com a leitura e escrita foi quando eu estava na 1ª série primária, aprendendo os primeiros passos da leitura, e eu me lembro como se fosse hoje, toda vez que minha mãe me levava ao dentista para extrair um dente de leite, ela sempre me prometia comprar uma revista de histórias infantis chamada RECREIO. E eu adorava ler e apreciar os desenhos nela contidos, não só lia como também  compartilhava minha leitura na sala de aula, já que minha professora adorava e permitia que eu a lesse lá na frente da sala. Acho que eu já estava pressentindo que seria professora no futuro. Enfim, para se ler e escrever é preciso que haja estímulo de alguém, e eu graças a Deus tive o exemplo em casa, embora minha mãe tivesse pouco estudo, ela sempre estimulava a leitura.

Um abraço e até a próxima postagem.


Dando o Start

Meu nome é Eleni, sou professora à 28 anos e vou contar um pouco como foi minha primeira experiência com a leitura.

Nas proxímas postagens vocês verão um pouco mais das minhas experiências.